sexta-feira, 22 de julho de 2016






















Tratamento pode solucionar dificuldade de prematuros em se alimentar
Tive o enorme prazer de dar uma entrevista para o site AUN Agência Universitária de Notícias da USP-SP para falar um pouco sobre bebês prematuros e as dificuldades relacionadas a alimentação durante a hospitalização e na infância.

Tratamento pode solucionar dificuldade de prematuros em se alimentar

Com a devida orientação, habilidades motoras orais são desenvolvidas como as de crianças nascidas a termo.
Nos últimos anos, o número de nascimentos de crianças prematuras tem aumentado no Brasil. A maioria delas possui dificuldades relacionadas à sucção, deglutição [ato de engolir] e respiração durante o período de hospitalização, em decorrência das complicações clínicas que apresentam ao nascimento. Em recente estudo, Carla Pagliaro pesquisou a evolução das habilidades de alimentação em crianças prematuras durante seu primeiro ano de vida. A pesquisadora concluiu que, se respeitado o desenvolvimento neuropsicomotor, o bebê prematuro (sem complicações neurológicas e sindrômicas) tem o desenvolvimento das habilidades motoras orais de alimentação semelhante ao de uma criança nascida a termo.

O período de gestação “a termo” é uma designação utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para se referir a gestações entre 37 e 41 semanas. Quando inferior a 37 semanas, são considerados recém-nascidos prematuros; inferior a 33 semanas, prematuros extremos. No Brasil, apesar da diminuição do índice de mortalidade infantil, houve um aumento no de crianças nascidas prematuras. O aumento significativo da taxa de sobrevida pode levar um maior número de crianças a apresentarem desordens pulmonares, gastrointestinais e neurológicas, principalmente aquelas nascidas com a idade gestacional inferior a 33 semanas.
Desde seu nascimento, o prematuro deve ter atenção especial de toda a equipe. Carla afirma que o acompanhamento de todas as fases de transição alimentar, com avaliações objetivas e diretas da alimentação realizadas por um fonoaudiólogo especializado, é estritamente recomendável. A orientação devida aos cuidadores da criança também é importante. “Os pais, por não terem o conhecimento e as estratégias necessárias para auxiliar as crianças a adquirirem melhor envolvimento e habilidades na alimentação, podem fazer com que elas não desenvolvam o aprendizado da alimentação de forma adequada”, diz Carla. Isso torna as crianças mais propensas a apresentarem dificuldades relacionadas à alimentação. A transição da mamadeira para o copo de sucção é um exemplo dessa dificuldade.

Ainda no período de hospitalização

A maioria das crianças prematuras é incapaz de receber a alimentação inicialmente por via oral, sendo necessário a utilização de sondas para alimentação. As exposições frequentes a estímulos sensoriais nocivos a que são submetidas ao nascimento, como a intubação, a aspiração de vias aéreas superiores e uso de sondas de alimentação, resultam em experiência negativa para bebês prematuros. As dificuldades relacionadas a alimentação no período de hospitalização são descritas por imaturidade dos reflexos orais, força reduzida de sucção, grupos reduzidos de sucções por pausa, incoordenação da sucção, deglutição e respiração, engasgo, dificuldade em aceitar todo volume por via oral. A intervenção fonoaudiológica nessa fase é fundamental para auxiliar esses bebês a adquirirem habilidades motoras orais necessárias para se alimentarem com eficiência, sem o uso de sondas de alimentação, no seio materno ou em copos e mamadeiras.
Por fim, a criança pode adquirir aversão aos estímulos orais. Dificuldades e recusa alimentar podem ser evidenciados nessa população. “A importância atribuída ao
desempenho correto das habilidades motoras orais está diretamente relacionada com o padrão de deglutição efetivo, sem a presença de aspiração traqueal do alimento [o que pode gerar engasgo], podendo levar a déficits de crescimento e de desenvolvimento global das crianças”, afirma a pesquisadora Carla. O ato de deglutir foi abordado em outra matéria da AUN aqui (http://www.usp.br/aun/exibir?id=7536).

Durante a infância

Se comparadas às crianças nascidas a termo, as prematuras podem apresentar atraso no desenvolvimento motor global ao ser considerada a idade corrigida. Diferentemente da idade cronológica, que é contada desde o dia que o bebê nasce, a idade corrigida é ajustada ao grau de prematuridade, como se o bebê tivesse nascido na 40ª semana gestacional. Durante o primeiro ano de vida, as crianças prematuras tendem a apresentar alguns problemas como refluxos, engasgos, recusa alimentar e dificuldade para a transição de consistências alimentares de acordo com a faixa etária. Essas dificuldades podem levar as crianças a ingestão de pouco volume de alimento e, consequentemente, o pobre ganho de peso pode ser evidenciado.
Carla afirma que a intubação orotraqueal após o nascimento foi considerada um fator de risco para a ocorrência da disfunção nas crianças prematuras. Em seu estudo, a pesquisadora constatou que as crianças prematuras apresentam dificuldades em vedar os lábios durante a alimentação com a mamadeira quando comparadas com as crianças nascidas a termo. E na fase de introdução alimentar, aos seis meses de idade, Carla observou que essa fase correspondeu a maior incidência para dificuldades alimentares tanto em crianças prematuras, como também para as crianças nascidas a termo, para a consistência purê e semissólida.
Em relação à transição de alimentos semissólidos para os alimentos sólidos, na pesquisa de Carla foi verificado que 40% das crianças prematuras e 32,4% crianças a termo não utilizavam a consistência alimentar sólida, na rotina diária de alimentação aos 12 meses de idade. “Os pais das crianças prematuras, por vivenciarem dificuldades importantes relacionadas com a alimentação de seus filhos nos estágios inicias de vida, tornam-se receosos em desafiá-los à introdução de novas consistências alimentares e, consequentemente, oferecem um número limitado na rotina diária de alimentação”.
De acordo com as recomendações do Manual de Orientação para Alimentação do Lactente, do Pré-escolar, do Escolar, do Adolescente e na Escola, descrito pelo Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2012), a criança com um ano de idade já deve receber os alimentos sólidos, com a mesma consistência à da família. Portanto, os dados obtidos da pesquisadora indicaram que pela faixa etária das crianças, o desenvolvimento do processo de alimentação não está de acordo com a recomendação do Manual de Orientação.

Diagnóstico e tratamento

O fonoaudiólogo é o profissional responsável e capacitado que faz a avaliação sobre o correto funcionamento das habilidades motoras orais de alimentação. A criança é observada enquanto se alimenta com diversos alimentos de consistências diferentes, de acordo com sua faixa etária, como purês, semissólidos e sólidos. Os utensílios utilizados durante a alimentação também são avaliados, como mamadeiras, colheres e copos com e sem canudo.
O modo como a criança está posicionada, e a oferta de alimento dada pelo cuidador também são aspectos importantes a serem avaliados. “Dessa forma, o fonoaudiólogo
irá identificar quais grupos musculares e estruturas estão exercendo a função de forma adequada ou não, e, com isso, elaborar estratégias específicas para tratar as dificuldades encontradas nas crianças e a auxiliar as mães com técnicas específicas para adquirirem o sucesso da alimentação em seus filhos”, recomenda Carla. Após o diagnóstico, o tratamento é adaptado às características de cada paciente, de acordo com a idade e músculos do complexo que necessitam de fortalecimento.

terça-feira, 30 de junho de 2015



       Os Bebês sabem usar o canudo?



Sim, os bebês aprendem utilizar o canudo rapidinho e  pode ser estimulado a partir do 7º mês de   idade. Mas lembre-se que eles precisam passar pela experiência, para utilizá-lo com eficiência. Ou seja, quanto mais ele utilizar, mais rápido irá aprender. 

O ideal é que o bebê utilize o copo aberto normal e o canudo para oferta de líquidos. Mas se o seu filho está utilizando a mamadeira, não tem problema mamãe,  você pode ir realizando essa transição aos poucos, até o bebê consiga ingerir todo o volume do leite com o canudo . 

  Veja algumas dicas:


  • No início, dê preferência a canudo com calibre fino, para evitar o engasgo;

  • Deverá ser posicionado somente nos lábios e não ultrapassar os dentes, para não encostar na língua. Evitamos isso, para que o bebê não sugue o canudo com a língua, o que é um movimento imaturo de sucção. Ele deverá sugar somente com os lábios;

  • Atente-se com a higiene interna do canudo, se você optar por um copo que tenha esse utensílio acoplado;

  •  Se o bebê engasgar e isso pode acontecer, pois no início eles ainda não sabem controlar e coordenar o fluxo do líquido com a respiração, ajude-o apertando um pouco o canudo para reduzir o fluxo do líquido

Se o seu bebê apresentar engasgo frequente, fale com o seu pediatra e nós podemos ajudar ou se você que é mãe/cuidadora e tiver alguma dúvida, também podemos ajudar.

quinta-feira, 16 de abril de 2015


Pessoal, não percam o CONALCO (1º Congresso online de alimentação complementar)
A minha palestra será: Como oferecer líquidos ao bebê. Abordarei temas relacionados com:
  • a aquisição das habilidades alimentares; 
  • os pré-requisitos que a criança necessita para a alimentação; 
  • os aspectos fundamentais para o sucesso da alimentação;
  • os utensílios mais adequados para a oferta de líquidos para os nossos bebês;  
  • técnicas importantes para a oferta.

Data: 20/05/2015 às 20h

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Como estimular hábitos alimentares saudáveis no meu filho?



  Como estimular hábitos alimentares saudáveis no meu filho?


A estimulação de hábitos saudáveis da alimentação da criança deve ser iniciada assim que é introduzida a alimentação complementar, por volta dos 6 meses de idade. Nessa fase, a mãe deve oferecer uma grande variedade de verduras, legumes, para que a criança vá adquirindo o conhecimento de diferentes sabores, cores, texturas e consistências dos alimentos. A criança poderá sim, recusar, mas nessa fase é super importante não desistir, pois a criança está aprendendo a aceitar esses novos sabores, e isso pode levar algum tempo. Estudos apontam que a criança deve passar pela experiência, de pelo menos 10 a 15 vezes com o alimento, antes que os pais a descrevam, como não gostar de determinado legume ou vegetal.

Até os 3 anos de idade, é fundamental que a criança adquira hábitos alimentares saudáveis, pois isso se repercutirá na vida adulta. Pesquisas já confirmam que quando a criança consome grande variedades de verduras e legumes na infância, a chance dela em adquirir doenças crônicas, como diabetes, colesterol, doenças cardíacas diminui significativamente, além de promover uma alimentação saudável também na vida adulta.

Bom, se eu seu filho tem mais de 3 anos e ainda não adquiriu esses hábitos, não se desespere mãe, é possível sim, modificar a alimentação, mas para isso acontecer será necessária uma mudança de comportamento, primeiramente dos pais, em saber lidar com as frustações da criança.

A primeira reflexão que faço é a seguinte: os pais também ingerem alimentos saudáveis? Caso a resposta for não, o ideal é que os pais modifiquem um pouco os hábitos alimentares, para que possam dar o exemplo adequado para os pequenos.

Segue abaixo algumas dicas:

-   - Sente-se na mesa para realizar pelo menos, alguma refeição (almoço ou jantar com a criança), assim, vc poderá mostrar a ela que vc também come os alimentos saudáveis e poderá explicar a importância desse hábito saudável;

   - Se a criança não quer comer no almoço ou jantar, tire os lanchinhos da tarde, com gulosemas que provalmente a criança gosta de comer, o importante é que ela sinta fome para fazer uma refeição importante (almoço e jantar);


   - Estimule aos poucos a introdução desses alimentos, é um processo que é lento, mas com persistência e força de vontade é possível reverter a situação;

   - Se a criança não quiser de jeito nenhum, é muito importante que ela não seja forçada em hipótese alguma, isso levará a piores resultados, diga a ela que ela não terá a sobremesa (fruta), por exemplo;

 - -   Haja com naturalidade, sem estresse, deixe a criança livre para comer do jeito que quiser, pode ser até com a mão, mesmo que ela for maiorzinha, pois o importante é que ela tenha interesse em pegar os alimentos como quiser, neste início de trabalho;

  - Evite desenhos, vídeos, ou qualquer distração nos horários das refeições. A criança tem que aprender que o momento da refeição é muito importante, a atenção e envolvimento deverá ser exclusivamente para a comida. E além disso, é um convívio social, em que pais e filhos podem conversar sobre o que quiserem. Quando distraímos as crianças neste momento, estamos ensinando a ela prestar atenção no desenho e não na alimentação;

  -   Caso seja necessário, proíba algumas atividades das quais a criança goste, caso ela se recuse a comer, se for menino, por exemplo, retire o videogame. O mais importante é negociar com a criança, lembre-se que vocês pais, são a autoridade máxima;

 - -   Importante: cuidado com a quantidade de alimento que você colocará no prato da criança, siga a orientação do pediatra e/ou nutricionista sobre esse aspecto. A criança irá comer o suficiente para garantir a sua própria nutrição. Cuidado pais, para que vocês não exijam que a criança coma a quantidade que vcs desejam.

- -  Saber respeitar a vontade da criança é um aspecto fundamental para garantir o sucesso de uma alimentação saudável.


Com calma, paciência, perseverança é possível ensinar bons hábitos alimentares. Pode demorar um pouco, mas depende realmente das mudanças de comportamento dos pais, em primeiro lugar, e podem ter certeza, o resultado é efetivo. 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015


Mastigação: mais uma etapa importante do desenvolvimento alimentar da criança


 Chegamos em mais um marco importante do desenvolvimento alimentar da criança: a mastigação.

De acordo com o Manual de Orientação para Alimentação do Lactente, descrito pelo Departamento Científico de Nutrologia, da Sociedade Brasileira de Pediatria, entre o 9º e 12º mês de vida da criança, os alimentos, devem ser passados gradativamente, com o ajuste da consistência, para os alimentos consumidos pela família, ou seja, alimentos sólidos.

Nenhuma criança aprende a mastigar os alimentos, sem que ela seja estimulada a realizar tal função. Por isso, é muito importante que nesta fase, entre o 9º e 12º mês de vida, a criança possa ter a experiência com os alimentos de diferentes texturas. Esse treinamento irá fazer com que ela adquira todas as habilidades motoras orais para mastigar com eficiência os alimentos sólidos.

É uma etapa em que os pais devem ter o cuidado de realizar a transição gradativamente dos alimentos, os quais anteriormente eram amassados, para pedaços pequenos. Para algumas crianças, esta tarefa pode ser mais fácil do que para outras, pois se uma criança que foi estimulada desde o início da alimentação complementar, com alimentos amassados e/ou em pedaços bem pequenos, ela terá mais facilidade de realizar a transição para os alimentos sólidos macios do que uma criança que iniciou a introdução alimentar, com alimentos batidos no liquidificador, por exemplo.


 O importante é não desistir e ir introduzindo aos poucos, com segurança, os alimentos de diferentes texturas  e respeitar sempre os limites de cada criança.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Consistência alimentar

Consistência alimentar aos 6 meses

 

Segundo o Manual de Orientação para Alimentação do lactente, descrito pelo Departamento Científico de Nutrologia, da Sociedade Brasileira de Pediatria, a introdução da alimentação complementar, por volta dos 6 meses, os alimentos devem ser oferecidos amassados com o garfo. Os mesmos devem ser bem cozidos e dispostos separadamente no prato da criança. O ideal é oferecer o prato com divisória para facilitar esse processo. No caso da carne, o mesmo procedimento deve ser realizado, com a orientação de desfiar bem o alimento, em pedaços muito pequenos. Com isso estamos ajudando as nossas crianças a se preparem para a próxima fase do desenvolvimento alimentar: a mastigação. Se os alimentos forem oferecidos em forma de purês ou batidos no liquidificador, a criança poderá sim apresentar dificuldades em lidar com alimentos de diferentes texturas e consistências. 
 
 
 
Isso é importante pois a criança irá sentir o sabor de cada alimento isoladamente e com isso ir aumentando o paladar para diferentes sabores e texturas. Quanto mais variedade de alimentos forem oferecidos nessa fase e até aos 2 anos de idade estaremos estimulando os bons hábitos alimentares, ou seja, hábitos alimentares saudáveis e isso com certeza impactará na qualidade de vida na fase adulta. Além disso, quanto mais atrativo visualmente for o prato, melhor será aceitação por parte da criança. E é assim conosco também, não é mesmo?
 
 
A introdução de alimento sólido (por exemplo, bolacha maizena, biscoito polvilho) deve ser oferecido somente com a orientação do pediatra. Mas é importante, mães, vcs saberem que as crianças os 6 meses de idade, mesmo sem dentes, conseguem ao levar esses alimentos na boca, chupar, movimentar lateralmente, e por meio dessa movimentação toda dentro da boca, o alimento se junta com a saliva e vai amolecendo permitindo que a criança tenha condições de deglutir com segurança. Esse é a primeira fase da mastigação e através dessa experiência que a criança irá adquirir a aprendizagem para lidar com a mastigação de alimentos mais duros na fase posterior. Nessa idade, a criança está aprendendo a sentar sem apoio e isso as torna capazes de realizar esse estágio inicial da mastigação.
 

 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014


Início da alimentação com a colher
 
 
Chegou um marco importante da fase da alimentação da criança, o que antes era só líquido, agora é o início da alimentação com a colher.
A colher mais indicada é aquela que corresponde ao tamanho da boca da criança (arcada inferior). O correto é iniciar com uma colher rasa, de plástico duro ou até mesmo a de inox, que é considerada a ideal, pois mantém a temperatura certa do alimento. Essas colheres favorecem uma melhor movimentação da língua necessária para a deglutição de alimentos.  

Importante: quanto mais a colher entrar e tocar na língua da criança, maior será a eficiência da deglutição, devido a presença dos receptores gustativos que auxiliam neste processo. O movimento deve ser delicado, mas é importante que as mães sintam que a colher está sob a língua do bebê. Então mães, não fiquem com receio   de entrar com a colher toda na boca da criança e fiquem atenta ao modo correto da retirada, com o  movimento reto da mão permitindo que o bebê utilize os lábios para retirar o alimento da colher. Evite, por exemplo, de raspar a colher na gengiva superior da criança, dessa forma, ela não exercitará os lábios, como deverá acontecer.

Com essa orientação, estamos ajudando as nossas crianças a adquirirem mais eficiência na alimentação, com o início deste marco do desenvolvimento alimentar.